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9.23.2013

Qualquer coisa.

Eu culpo a vida pela culpa que eu sinto e logo desculpo-a,
pois sei que é mentira, não consigo mentir, nem ocultar.
Abraço-a, machuco-a, beijo-a, amaldiçoo-a.
Ela sempre me ouve, mesmo quando grito por meios sôfregos, 
calo querendo enganá-la, atiro pedras nas vidraças da semi-consciência.

Arrasto-me até um pedaço de papel onde escrevo coisas que ninguém
nunca lerá, exceto pela terra, que passado todo o tempo
ainda será terra, ninguém pode declarar guerra a terra.
Perdi a culpa, não sei onde, se soubesse, nem assim voltaria.

Megalomania enrustida no hemisfério hipertrófico
da cabeça nauseada, até o vazio do vácuo no meio do nada
inspira um louco suscetível, um sensível, um maníaco.
A morte por detrás dos olhos, a desvontade de morrer,
o tempo é coerente em tudo, a vida é inerente na maioria das coisas.

Veraneios vintage sonhados numa câmara sintetizadora hi-tech.
Seu corpo é um disparate, sua espinha é torta, seu olhar caído,
cabelos anárquicos, pernas ziguezagueantes,
da cintura pra baixo, lugar-comum , amnésia, é silêncio mortal.

Morte aos princípios, recomeçar no meio do caminho,
cortar os pés em cacos de vidro, sangue refletido, 
fazendo o vidro se sentir culpado e esconjurar quem
o jogou ali, ao chão, quebrado, no meio do caminho,
cortando pés alheios, lambuzando-se no sangue derramado.

Não consigo distinguir pecado de prazer ou de instinto.
Vida agourenta, vida de agora, mãos a obra, 
morte elementar, morte de cada dia, ressurreição, homem fajuto,
dia após noite, minha sina é essa antropomorfia de mim mesmo

9.16.2013

Os demônios que um dia habitaram minha alma
Demônios já não são mais
São agora como animais de estimação
A confusão que domina o meu ser
Ganha novas cores e perspectivas

No que isso resulta é que eu não sei
No que isso resulta, quero saber?
No que isso insulta, é que me ocorre prazer
No fim, o perdedor descobre
Que perdeu tempo, achando que tinha perdido

Tu crê no que o teu olho vê?
Ou tu se vê no seu próprio olho?
E o que isto quer dizer?
Percebe que viver
É muito mais do que acreditar
Ou desacreditar?

9.08.2013


Entre o progresso e a decadência, entre o processo e a eficiência, entre a essência e a indecência, entre ruas e becos, entre favelas e vielas, entre o mar revolto e a revolta, entre a marcha ré e a contramão, entre a mão erguida e a decepada, entre a propaganda e a cilada, há sempre gente morrendo sem viver, se matando pra viver, vivendo pra não morrer, se matando aos poucos, se morrendo aos montes, morrendo enfim, como se isso fosse salvação, não quero acreditar que é.